A Santificação é tornar-se igual a Jesus

Desejei não ser mais humano e me distanciei de Deus por isso 

Quando eu fui salvo por Cristo eu logo entendi que deveria ter um novo tipo de vida e que deveria buscar santificar-me. Afinal, me diziam, “só assim você poderá agradar a Deus”. E santificar-se de maneira geral era só manter a castidade e não ser mentiroso que já estava de bom tamanho.  Mas ao longo do tempo eu descobri que isso era só o começo.  A base do discipulado (nem posso chamar de discipulado uso só para ilustrar mesmo) era isso. Não transe e não minta. 

Recebi muito conteúdo bíblico e pouco discipulado, a primeira vista parece ser a mesma coisa, mas não é. Não é mesmo. 

Discipulado e ensino bíblico não são a mesma coisa. 

Não é a mesma coisa porque ensino bíblico que não é traduzido para a vida não gera mudança e nem frutifica Cristo entre as pessoas. Quando digo traduzido para vida quero dizer sobre o ensino aplicado no dia a dia. Como se comportar em relação a tudo que estamos envolvidos nesse mundo. O ensino bíblico sem a aplicação e sem acompanhamento do irmão ou irmã mais velha na fé,   só  domestica não discípula.  Eu era bem domesticado e muito pouco discipulado. Recebi muito conteúdo bíblico isso me fez conhecedor das verdades a respeito de Deus, mas não fez um seguidor de Cristo. 

E qual o peso disso na minha vida espiritual?

Isso causou um dano profundo na minha relação com Deus.

Eu Sofria de desnutrição espiritual e não me dava conta disso. E isso custou muito caro. Eu cresci sabendo um montão de coisas, contudo experimentei muito pouco disso na minha jornada pessoal e comunitária com Jesus ,o Messias. Só depois de muito bater a cabeça e viver alguns anos chafurdando na lama do pecado foi que eu me dei conta do que realmente eu tinha experimentado e do que precisava experimentar.  Me dei conta que sofria de uma desnutrição espiritual. Tinha muito conhecimento (tá, não muito assim),entretanto, era desprovido de um companheiro de jornada da fé e não sabia aplicar o que sabia na vida.  Eu não fui instruído a ver Cristo na vida dos outros, só fui instruído a vê-lo na Bíblia. E isso não é discipulado é adestramento.  

Onde isso causou dano? 

Eu não sabia o que era a santificação e de tabela, o que era um relacionamento amoroso com a Trindade. 

Pensei que a santificação me faria mais parecido com Jesus, mas o Jesus que eu projetava não tinha nada de humano. Ele era excepcional, poderoso e amoroso, mas nada disso me remetia a imagem de um humano.  Nessa toada, eu e tantos outros, cometemos o mesmo erro: achar que o corpo, onde todas a delicias do pecado são experimentados (outro erro, porque a alma se delicia de tantas coisas também, mas isso é outro tema). 

Tendo essa falso principio em mente tratei a todo custo sacrificar o corpo para de alguma forma elevar o Espírito. Essa afirmação está de toda errada? Não. Não está, mas não é calando o corpo que o resto vai estar de boa. Somos a soma todas essas partes. 

E esta falsa premissa fez com que  muitas vezes eu jogasse a água suja fora com o bebê dentro. Ou seja, muitas vezes na vontade de se santificar calei os prazeres. Sentir prazer numa relação sexual, por exemplo, não é pecado, mas durante muito tempo se disse que sim. Esse tipo de busca pelo espiritual (ascese) se torna perigoso porque desmembra o que Deus não desmembrou. Somos um conjunto (Alma+Corpo+Espírito) e tudo afeta tudo. 

Em tempos em que falamos sobre saúde mental, o que a santificação tem a ver com isso?

Tem tudo a ver. Quando nos descobrimos humanos, voltamos ao projeto original de Deus. Ele criou o primeiro casal e disse que o que ele tinha feito era bom e no sexto dia foi desfrutar (descansar) da sua criação. 

Quando eu desmembro, aquilo que originalmente foi feito coeso, digo a Deus que ele fez um péssimo trabalho e que  eu vou corrigir este erro. Não entender que a santificação é um processo que nos leva a ser parecidos com Jesus Cristo, ou seja, humanos porque ele é humano, nos torna demasiadamente arrogantes. E essa arrogância cobra seu preço. O fracasso de uma santificação que busca apartar parte do que somo (muitas vezes o corpo) está fadado ao fracasso total e o preço cobrado é a frustração. E a frustração gera desânimo e esgotamento. E a consequência disso tudo é uma vida longe de Deus e da comunhão com Ele. 

Desejo fortemente que você entenda urgentemente que é necessário voltar a ser humano.

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